sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Versos Baratos

Lembro-me do toque macio da tua roupa intima, das posições na cama, das trilhas sonoras... Um encaixe tão suave durante ações insanas, uma delicadeza nos toques mascaravam uma força descompensada por causa da vontade imensa de possessão carnal...
Dois seres ardilosos, trocando venenos, alfinetando-se entre beijos e mordidas, um sadomasoquismo moral, um modo livre e louco de viver a vida toda em uma única noite, esquecer que logo o sol nascera de novo, focar apenas naquele retângulo do mundo, viver para tocar cada milímetro do corpo ao lado, respirar somente o perfume importado ou o natural, situações assim ficam marcadas a ferro e fogo no subconsciente do ser humano... e maximizados no consciente do animal que sabe o que lhe fere e o que é necessário para perpetuação da espécie...

Nostalgia

Uma praga rogada ao pé do ouvido em uma noite fria, onde o vapor do corpo se faz o mais claro sinal de fumaça em um quarto escuro...
Uma boca que rouba mais que fluidos corpóreos, rouba a alma, rouba o sentido do alimento... uma fome que parece jamais cessar, um querer incansável que nenhuma outra boca cala...
Que destino é este dos corações lascivos perdem-se em cantos escuros de locais promíscuos...
Corpos que murmuram desejos, desejos momentâneos saciados, um sono leve...
Um novo dia sobre o vidro do transporte e a volta da mesma fome pela emoção...
Pedir esse retorno a deus seria um pecado, me calo, consinto essa matança sentimental...
Como pode um fundo do poço ser saudoso, o calor de um inferno controlado sobre uma cama larga, um corpo de fácil manipulação, uma mente que se entrega dentre devaneios alheios, um coração que a ama e treme mais que suas pernas no auge do prazer...
A se eu pudesse ter mais uma vez aquele calor em meus braços, aquela boca em meu pescoço, as unhas desenhando em minhas costas, as pernas se fazendo braços, entrelaçadas em meu corpo. Que saudade daquela respiração quente em meu ouvido, aquele gemido baixinho da boca que quase cola na minha, do cabelo suado, dos quadris inquietos, do abdomem contraído, dos olhos fechados que por vezes abriam-se apenas para me encarar e me instigar a aumentar a intensidade dos atos de fogo em baixo do cobertor peludo de inverno...
Vem, se joga de novo em mim, me testa, não tenho medo, dou conta de você com as mãos amarradas nas costas, já faz anos que venho treinando em indivíduos venenosos, escorregadios, malandros, ordinários, vagabas e vagabundos do mais baixo ao mais alto escalão, e nenhuma nem perto esteve de obter o meu contentamento...
Gaba-te és digno disso infelizmente, admito no ato: Quero-te de novo! E não só pra uma vez, te quero pra te acaba, te seca ate a ultima gota, te comer ate a ultima migalha, te envenenar ate tua ultima molécula de oxigênio do corpo sumir, sabes bem que minha boca não se cansa, ela caça quando perto da tua pele, conhece a inquietação das minhas mãos na busca pelos teus arrepios e tremores sinceros...
Um leão em uma pet shop, uma fera que vive sendo treinada para domesticações baratas e infundadas, a pessoa que um dia souber fazer o que você fazia sem saber, terá prazer e felicidade diários como fatos certos, um otimização de funções, mulher e amante, tão simples quanto cozinhar e lavar a louça...
Pena que não sei se há tal pessoal neste mundo, o novo assusta, o incontrolável é quase inaceitável, o que vale mais: segurança? Adrenalina? Amor? Paixão?
Digo-te que o que me vale é o sentido e o sentido me foi roubado, uma boca de lábios carnudos a levou de mim, o que me sobra são os sentidos básicos de cada um, o tato para conhecer e buscar em outros corpos a solução de minhas noites mal dormidas, a visão para gravar em minha mente outros momentos bons eu ainda presencio, o olfato que me faz tremer a cada perfume que me instiga a usar o paladar para provar um novo pescoço que se oferece tão gentilmente, e meu sexto sentido é o sentido animal, que me leva a uma busca constante pela próxima vitima da minha fome de emoções, a busca pelo preenchimento que deixaste em mim... Uma fechadura se chave, uma porta que não abriu mais... Tem gente que pulou a janela e entrou, mas a ultima imagem no espelho de frente a porta é a tua...